os meus pecados originais (re)começam a cada segunda-feira.
1 comentário:
Anónimo
disse...
Os meus nunca cessam... porque "quem escreverá a história do que poderia ter sido? Será essa, se alguém a escrever, A verdadeira história da humanidade.
O que há é só o mundo verdadeiro, não é nós, só o mundo; O que não há somos nós, e a verdade está aí.
Sou quem falhei ser. Somos todos quem nos supusemos. A nossa realidade é o que não conseguimos nunca.
Que é daquela nossa verdade — o sonho à janela da infância? Que é daquela nossa certeza — o propósito a mesa de depois?
Medito, a cabeça curvada contra as mãos sobrepostas Sobre o parapeito alto da janela de sacada, Sentado de lado numa cadeira, depois de jantar.
Que é da minha realidade, que só tenho a vida? Que é de mim, que sou só quem existo?
Quantos Césares fui!
Na alma, e com alguma verdade; Na imaginação, e com alguma justiça; Na inteligência, e com alguma razão — Meu Deus! meu Deus! meu Deus! Quantos Césares fui! Quantos Césares fui! Quantos Césares fui!"
1 comentário:
Os meus nunca cessam... porque
"quem escreverá a história do que poderia ter sido?
Será essa, se alguém a escrever,
A verdadeira história da humanidade.
O que há é só o mundo verdadeiro, não é nós, só o mundo;
O que não há somos nós, e a verdade está aí.
Sou quem falhei ser.
Somos todos quem nos supusemos.
A nossa realidade é o que não conseguimos nunca.
Que é daquela nossa verdade — o sonho à janela da infância?
Que é daquela nossa certeza — o propósito a mesa de depois?
Medito, a cabeça curvada contra as mãos sobrepostas
Sobre o parapeito alto da janela de sacada,
Sentado de lado numa cadeira, depois de jantar.
Que é da minha realidade, que só tenho a vida?
Que é de mim, que sou só quem existo?
Quantos Césares fui!
Na alma, e com alguma verdade;
Na imaginação, e com alguma justiça;
Na inteligência, e com alguma razão —
Meu Deus! meu Deus! meu Deus!
Quantos Césares fui!
Quantos Césares fui!
Quantos Césares fui!"
(Álvaro de Campos, Pecado original)
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