23.12.09

pedimos desculpa pela continuação a interrupção segue dentro de momentos

fim do pandemónio

depois dos mortos e feridos e sobrevivente e vivos e assim-assim e livros e cadernos e jornais e papéis e bichos de papel e activismos e dedicações e dedicatórias e acções e atentados e política e arte e vida e citação e pouca explicação decidiu alimentar-se a pão demónio.

22.12.09

dar palavra à última palavra [não] é [também] ter a última palavra?




ao tricotar farpas, frio e folhas num filigranado tapete invernal, descobriu que descalçar no verde, depende da vontade, da vontade de fantasia.

21.12.09

do ponto e vírgula para a vírgula e ponto






mudar da explicação da condição de existente através da enumeração dos quotidianos para uma [virgulante] insistência na existência desses dias que vão ter ponto [final].

20.12.09

atrasotardio

primeiro perdeu tempo. depois perdeu o tempo. alegrou-se em demasia com a ordem dessas perdas (manias de hedonistas da sub-secção do prazer na demorada lentidão) e perdeu mais tempo. procurou então com tempo matar o tempo, mas já não era o seu tempo; passara tempo com o tempo. dedica-se agora ao tempo dos tempos doutros tempos e já sabe do seu tempo marcado.

17.12.09

desratização







quem tropeça num computador
e não cai com o rato um passo
tecnológico adiantou.

16.12.09

sse



da necessária violência da natureza para a capacidade de resistir o suficiente.


ERRATA onde se lê resistir, leia-se respirar
ERRATA À ERRATA
onde se lê respirar, leia-se sentir
ERRATA À ERRATA À ERRATA
onde se lê sentir que se viva

mosquita morta

dias planificados em planos altos necessariamente abatidos numa bidimensionalidade por uma folha -papel-registo-dito-feito- que transforma (transtorna?) a nossa diversidade de unidade multiplicadora. ou de como o cruzamento da nossa fraqueza no linear tédio com a força da rotação revolucionária surpreende a nossa condição mortal num movimento nem sempre assinalado a tracejado mas às vezes manifesto em seres com asas. ao nosso lado. mortos.

p.s. notícia é um homem morder um cão; p.p.s. qualquer que seja a razão (ou, neste último caso, "falta da razão") todo e qualquer ataque físico a outrém é merecedor de censura; p.p.p.s. os mosquiteiros podem aqui ser religiosos ou ideológicos, depende da nossa imaginação.

15.12.09

dig digging dig [yourself] from time to time

de segunda para terça de terça para quarta de quarta para quinta de quinta para sexta de sexta para sábado de sábado para domingo de domingo para segunda de segunda para terça de terça para domingo de domingo para segunda de segunda para terça de terça para quarta de quarta para quinta de quinta para sexta de sexta para sábado de sábado para domingo de domingo para segunda

14.12.09

13.12.09

i kid you not

dias pesados de novas e falsas e paradoxais portabilidades. por ter habilidade. por ter idade. ao som de porter.

ou de como a aprendizagem da queda é um exercício de mundificação.

12.12.09

se está escrito






alguém chegou aqui com a pergunta "[é] possível fugirmos do ir e vir dos acontecimentos?". tenho uma resposta: não. tenho uma desconfiança: talvez. tenho uma convicção: sim.

11.12.09

"nós somos só dois e eles são muitos"

se perguntar à autoridade porque é que às cinco da manhã não consegue dormir com o barulho de festas estudantis que só têm licença camarária até à uma e a resposta incluir "nós somos só dois e eles são muitos" é certo que está a viver em Coimbra.
reflexos irreflectidos de maus reflexos futuros, diz uma velha da alta.

10.12.09

mrs. red revolution













manifesto contra a proibição de uma revolução numa pátria com pouco lar e nenhum deus. sou contra. estou contra. vou contra. voto contra. liberdade. l i b e r d a d e.

8.12.09

janela e guilhotina





dias para ter cuidado com as ausências os actos as vontades os desejos os sonhos as palavras as fantasias as presenças, porque podem realizar-se, e a culpa (sim, a culpa) é de quem mais gosta de a ter.

7.12.09

wake up

mudar o ponto alvo para ponto mira ou de como os nossos dias são camas mal contadas mais mudadas do que os próprios dias e demais inclinadas para asseverar um acordar queda que não deixa quedar — para evitar ser mira de um alvo.

6.12.09

nothere

no caminhar de um não estar aqui para o não haver ser aí descobrir uma pedra no sapato depois de descobrir o buraco na meia. no caminhar do indefinido para o definido, numa simultaneidade de vitalidade e carência, construção e prisão, ter uma súbita auto-infligida empurrada vertigem de diagonal.
e gostar.

5.12.09

Dead Man's Bones

só mesmo a alegria duma descoberta musical desperta tanto todos os sentidos; uma convocatória fantasma de uma infância de sonora imparável gargalhada, abraçado enlaçado movimento, ofegante entusiasmado arfar, soletradas palavras certas e arrojados desprendidos alcances. só mesmo a alegria duma descoberta musical para regressar a esta vontade de partilhar todas as peças de um mikado de ossos vivos; e voltar, voltar, voltar a ouvir. voltar a viver.

3.12.09

hoje é todos os dias

não pensar, não dizer, não gritar, não tentar, não fazer, não descobrir, não mostrar, não sonhar, não esforçar, não deixar, não passar, não fingir, não ver, não ler
mas escrever tudo num vermelho caderno novo.

1.12.09