O tempo parou de não começar porque:"Perdi-me dentro de mimPorque eu era labirinto,E hoje, quando me sinto,É com saudades de mim.Passei pela minha vidaUm astro doido a sonhar.Na ânsia de ultrapassar,Nem dei pela minha vida...Para mim é sempre ontem,Não tenho amanhã nem hoje:O tempo que aos outros fogeCai sobre mim feito ontem.(...)Não sinto o espaço que encerroNem as linhas que projecto:Se me olho a um espelho, erro -Não me acho no que projecto.Regresso dentro de mimMas nada me fala, nada!Tenho a alma amortalhada,Sequinha, dentro de mim.Não perdi a minha alma,Fiquei com ela, perdida.Assim eu choro, da vida,A morte da minha alma.(...)Perdi a morte e a vida,E, louco, não enlouqueço...A hora foge vividaEu sigo-a, mas permaneço..."Mário de Sá Carneiro(1890-1916)
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1 comentário:
O tempo parou de não começar porque:
"Perdi-me dentro de mim
Porque eu era labirinto,
E hoje, quando me sinto,
É com saudades de mim.
Passei pela minha vida
Um astro doido a sonhar.
Na ânsia de ultrapassar,
Nem dei pela minha vida...
Para mim é sempre ontem,
Não tenho amanhã nem hoje:
O tempo que aos outros foge
Cai sobre mim feito ontem.
(...)
Não sinto o espaço que encerro
Nem as linhas que projecto:
Se me olho a um espelho, erro -
Não me acho no que projecto.
Regresso dentro de mim
Mas nada me fala, nada!
Tenho a alma amortalhada,
Sequinha, dentro de mim.
Não perdi a minha alma,
Fiquei com ela, perdida.
Assim eu choro, da vida,
A morte da minha alma.
(...)
Perdi a morte e a vida,
E, louco, não enlouqueço...
A hora foge vivida
Eu sigo-a, mas permaneço..."
Mário de Sá Carneiro
(1890-1916)
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